domingo, 16 de septiembre de 2007

SETEMBRO MUDO - claraflor



claraflor
17092007



Profana a consciência bruta
do que passeia em flores de ipês amarelos!
Como é doce o veneno rabugento dos velhos hábitos
de pirraças que fizeram rir de tão sem graça...
Caídas flores mortas-vivas q desfaleceram na manhã
daquele domingo de sol,
frescas ao pé do ipê dono de velhos pensamentos
que passaram por ali àquela mesma hora
ao sol de um setembro mudo e tão falante
ecoando a voz que ecoa explicações olhando para o relógio...
Ao longe os olhos perdidos no engarramento de lembranças
se abraçaram ao sorriso que o fez companhia no farol
Ah... como era lindo aquele sol-riso!
Que já não era nosso ou pra nós dois
mas ficamos ali diante dele
feito bobos da corte do humor negro
que roubou nossas fotos
q tomam a mente e o corpo
e vai por aí apaixonado em curvas fechadas
da estrada dos bandeirantes.
E o núcleo da maldição dos anjos
me manteve vivo pelo eterno segundo de um sinal vermelho
batendo com força no bumbo do peito triste de tanta saudade
partindo-nos ao meio na guerra silênciosa
entre a covardia e a coragem de proibir sentimentos
saudades que almoçaram o coração
e comeram de sobremesa a raiva manhosa
que se foi com o coração na mão escondendo lágrimas
no espelho d'água da recordação
Mãos dadas em uma caminhanda
entre os pinheiros de Márcia e a praça das fontes
e um setembro mudo.

Não vou ao meu enterro - Marcelo Girard



NÃO VOU AO MEU ENTERRO - 16/09/2007
Marcelo Girard


Para evitar o cheiro das flores
O choro do meu inimigo
O encontro de meus dois amores
As roupas apertadas
Parede de madeira envernizada

O sono silencioso dos sonhos
A maquiagem fora de moda
Rabecão correndo sem cuidado
Pertences pelo coveiro roubados

Eu virar santo
Qualquer um da autópsia
Desnudar o manto

Um padre desconhecido
A missa comprada
Uma reza obrigada
E em vida me lembrar
Que não fui nada.

Soneto ao Coração - Nathan de Castro



Soneto ao Coração - 13/09/2007

© Nathan de Castro

Antes que o nada em nada se transforme,
deixo um soneto tolo ao coração,
que tanto amou sem reclamar da enorme
parede que escrevi sobre a paixão.

E antes que o corpo em vida se deforme,
agradeço a fiel dedicação,
mas por favor te peço, agora, dorme.
Permita-me uns minutos de razão!

Preciso caminhar em liberdade,
sinto-me prisioneiro das saudades
e as minhas asas pesam como luas...

Ah! Velho coração, a nossa estrada
precisa de uns instantes de alvoradas,
para acalmar o tempo e as suas gruas.